segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Purgatório...


Que é a vida sem sofrimento? Uma mera viagem, uma mera passagem sem qualquer tipo de apreço por aquilo que tivemos enquanto durou. É o sofrimento que nos faz dar valor as coisas, porque sofremos para as merecer, sofremos para as ganhar e muitas vezes sofremos por não nos termos esforçado o suficiente por elas... ou até por nos termos esforçado demais.
Tal como não vale a pena passar por este estado transitório sem conhecer o que é a felicidade, também nunca viveremos verdadeiramente sem alguma vez ter sofrido.
O sofrimento ensina-nos, o sofrimento é talvez dos melhores professores, ensina-nos que errar pode ter muitas consequências, ensina-nos a trabalhar ainda mais para não errar, ensina-nos que podemos não ser os únicos a sofrer as consequências dos nossos atos. Mas acima de tudo, ensina-nos que a existência humana é uma existência triste repleta de sadismo e hipocrisia, em sociedades onde é mais fácil fazer outros sofrer para puro entretenimento do que ser fiel a bons valores de integridade e conduta. Mas esta existência é tudo o que nós temos, pelo que é adaptar ou morrer, a sobrevivência dos mais fortes.
Sinto nojo, por vezes, por pertencer a uma espécie que tem um potencial tão grande de fazer o bem e só o faz para remediar todo o mal que tem feito. É vergonhoso, é surreal, é a natureza humana na sua forma mais pura, repleta de egoísmo, vaidade, superficialidade, hipocrisia e ganância.
Só espero que, um dia, se alguém do exterior tiver de confiar em nós, não se desiluda... Eu sei que provavelmente não confiaria...

terça-feira, 7 de maio de 2013

Que é o homem sem loucura?


Quase parece que estou a dar em doido… Nunca um louco foi tão feliz em sua loucura, nunca foi tão real a realidade que nem é preciso sonhar, pois os sonhos se realizam a todo o instante da minha vida!
Em toda esta loucura encontrei a mais pura das sanidades, quase como que um equilíbrio fundamental que me deu algum sentido no que faço. Este equilíbrio, entre o mais puro dos caos que constroem e a mais pura das ordens que estabiliza, este equilíbrio, que não é nem meu objetivo nem meu dever entender, faz-me feliz…
A minha vida está como uma roda gigante, com todos os pontos da “viagem” à mesma distância de um centro, um centro que é o que ambiciono. Mas eu consegui sair da roda e descer até ao centro, eu já sou feliz mas tenho de aprender a lidar com isso, é algo novo, ainda sou inexperiente neste campo.
Não entendo nada do que sinto, do que digo, do que faço nesta altura da minha vida, mas nunca a vida me soube tão viva, nunca noutra altura ela fizera o sentido que faz agora. Apenas entendo que não devo tentar entender nada, apenas viver tudo. Não de qualquer maneira, mas de maneira alguma, não há uma maneira específica, apenas maneira nenhuma...
E nesta desordem e desentendimento de tudo, apenas tenho vontade de sorrir, de sorrir a toda a hora, de sorrir com vontade. Não vontade de ser feliz, apenas de não o deixar de ser…

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Não mata mas fere...

Raiva, fúria, frustração. Tudo coisas que sinto neste momento. Porque as sinto? Não sei, mas sinto. Há coisas que simplesmente não se explicam.
Apetece-me libertar tudo isto mas tenho de ter consciência do quão nocivo e prejudicial isso seria para os que me rodeiam. Eu estaria bem e finalmente me sentiria menos aprisionado mas não ganharia nada com isso depois.
No entanto também não ganho nada em manter isto aqui dentro, a ganhar força, a destruir-me por dentro.
Não é por sentir isto que deixo de sentir neste momento felicidade, bem estar e paz. Simplesmente não se anulam, uns não apagam os outros, tendo eu de viver nesta dualidade de sentimentos que me tornam numa bomba relógio.
Não sei explicar a extensão disto, os danos que isto já causou no meu ser até agora, mas desde que me conheço que sou revoltado por natureza e nunca consegui exprimir essa revolta convenientemente, ficando de certa forma reprimida.
Não consigo exprimir o que sinto com isto tudo, toda a minha vida foi um turbilhão de emoções, situações, traumas. Sei que isso pode ser muito perigoso para mim, reter isto tudo desta forma, isto está a ser um comportamento autodestrutivo, mas também sei que dificilmente conseguiria parar após começar a libertar tudo o que vai cá dentro, como uma torneira que só parará de jorrar quando por ela passar a última gota disponível. Mas também não temo se isso acontecer. A razão diz me para consciencializar-me do perigo de algo assim, mas parte do meu ser mostra-me o quão forte sou e que eu conseguiria controlar algo dessa magnitude.
Agora já vejo tudo claramente, sinto que não sou um sociopata, um aspirante a serial killer somente por ter estes sentimentos alojados dentro de mim. Simplesmente sou alguém que enquanto não arranjar uma forma saudável de os libertar poderá nunca atingir a plenitude na sua vida.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Se eu fosse...

Se eu fosse a Lua, tu serias o meu Sol. Todas as noites tentaria ir de encontro a ti, mas escapavas-me...
Se eu fosse um rio, tu serias a minha foz. Mas eu passaria por ti rapidamente e não tornaria a poder estar contigo...
Se eu fosse o mar, tu serias a minha praia. Mas estaríamos sempre a afastar-nos e a aproximar-nos um do outro...
Se eu fosse uma garrafa, tu serias o meu conteúdo. Mas a certa altura da vida irias separar-te completamente de mim...
Se eu fosse uma caneta, tu serias a minha tinta. Irias ser essencial para que eu escrevesse, mas iria chegar uma altura em que acabarias...
Se eu fosse uma máquina, tu serias a minha bateria. Sem ti não funcionaria, mas quando acabasses teria de te substituir...
Se eu fosse um carro, tu serias a estrada. Mas por mais que te percorresse, nunca te conheceria completamente...
Se eu fosse um problema, tu serias a minha solução. Necessitamos um do outro para existir, mas somos demasiado diferentes...
Se eu fosse água, tu serias a sede. Eu existiria para te satisfazer, mas tu serias o meu fim...
Se eu fosse uma doença, tu serias a minha cura. Tu precisas de mim para existir, mas eu preciso de ti para desaparecer...
Se eu fosse o caos, tu serias a ordem. Mas nunca poderíamos existir em simultâneo...
Haveria alguma altura perfeita? Não...
Mas será que isso nos iria impedir de ser felizes? Nunca!

domingo, 22 de abril de 2012

Recordar...

A nostalgia é realmente um sentimento mágico, lindo, que nos abala bastante quando o sentimos e nos faz recordar... Recordar a nossa inocência da infância, a ingenuidade que tínhamos no entendimento das piadas que os adultos nos lançavam, a nossa alegria pura e genuína quando arranjávamos algum modo de nos entretermos por meros instantes, o nosso sorriso sempre pronto a surgir a qualquer carícia ou brincadeira que nos fizessem. Quem não tem de tempos a tempos os seus momentos de nostalgia?
Mas quando temos aqueles reencontros que nos fazem recordar tudo o que passámos com um amigo ou um grupo de amigos específicos e todos juntos "revivemos" todas as nossas peripécias e aventuras, isso sim é algo mágico.
Adoro recordações, apesar de não ter tantas recordações maravilhosas como gostaria de ter, as que tão são mesmo maravilhosas. Recordar é das poucas coisas que ninguém me pode tirar nunca e das poucas coisas que me conseguem pôr um sorriso sincero na cara. Nestes tempos conturbados que atravessamos, as recordações são a única motivação que consigo encontrar para seguir em frente, pois são o exemplo de que é possível dar a volta por cima e regressar a tempos mais felizes.
No entanto não devemos sempre viver na sombra das nossas recordações pois assim nunca poderemos criar novas recordações, com mais significado e importância.
Portanto podemos tirar uma conclusão acerca disto, que podemos usar como guia em toda a nossa vida:
recordem com saudade os bons momentos que passaram, mas vivam com paixão todos os bons momentos que ainda vão viver!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Experiências...

Quando é que sabemos realmente que uma experiência é capaz de nos mudar a vida?
É quando vamos àquele concerto que queríamos ir há "séculos" porque ia atuar a nossa banda preferida? É quando fazemos aquela viagem com a qual sempre sonhamos? Ou é quando vamos pela primeira vez com uns amigos a um sítio que nos tinham recomendado bastante e acabamos por ter uma noite excelente?
Acho que tanto podem ser como não o ser, depende do quão limitados são os gostos e os horizontes de cada pessoa.
Na minha opinião (e provavelmente também na opinião de qualquer pessoa com objetivos na vida), uma experiência, para que seja capaz de mudar a minha vida, precisa de me fazer repensar em tudo o que acredito, desde que começa até quando ela acaba. Tem de abalar com os alicerces das minhas crenças de modo a que eu possa edificar crenças melhores e mais fundamentadas.
Tive a oportunidade de recentemente viver uma experiência assim. Fiz parte de um grupo de mais de 150 alunos que partiram a pé desde Peniche tendo Fátima como destino final e o objetivo rezar com os pés...
Devo dizer que não completei os 100 km de caminho e não ajudei muita gente como grande parte dos meus colegas... talvez nesses aspetos tenha deixado um bocado a desejar, no entanto isso não mudou a forma como esta experiência me afetou.
O meu modo de ver muitas coisas foi alterado e esta peregrinação ficará para sempre na minha memória e no meu coração.
As dores porque passei, as lágrimas que verti, os sorrisos que vi... fizeram tudo valer a pena.
São este tipo de experiências que devemos preservar e viver o mais intensamente possível.
Criem as vossas experiências, façam a vossa vida valer a pena, tornem-na interessante e recordem sempre esses momentos... Valerão sempre a pena.
Vivam a vida, pois ela é bela e milhões de experiências estão à vossa espera para a tornarem única.

sábado, 17 de março de 2012

Best night...

Começou... o meu desejo era que nunca acabasse... que durasse para sempre... a melhor noite da minha vida...

Entrei. Olhei em redor e não vi mais do que olhares vazios e corpos sem vida própria, era a música que os controlava. Aproximei-me do balcão, onde poderia ver toda a pista, e pedi uma bebida.
Parte da noite já tinha passado antes de eu ali chegar, mas mal eu sabia que estava longe de acabar.
Decidi ir dançar, libertar-me um pouco, divertir-me para variar. Não sei que ideia triste foi a minha de ir sozinho dançar para a pista, mas ainda bem que a tive porque aí estava ela... a dançar... sem ter a menor noção do que a rodeava... apenas sentia a música a mover-se no seu corpo...
Nesse momento fiquei petrificado, apenas a olhar a sua figura, sem reagir aos encontrões que levava e sem sequer ouvir o menor som... apenas a olhá-la, a contemplá-la...
De repente, parecia que tinha saído da sua transe e tinha colocado o seu olhar em mim. Ela aproximou-se de mim. Ficámos um momento a olhar-nos nos olhos. A música parou e acordámos daquele sonho por apenas uns segundos. Quando a música voltou a dar ela agarrou-me nas mãos e colocou-as no seu corpo. Ficámos assim durante um longo tempo, sem dizermos sequer uma palavra um ao outro, sem sabermos com quem que estávamos a dançar, apenas estávamos daquele modo, num mundo só nosso, eterno, juntos...
Aí ela disse-me "Vem comigo". Foi o que fiz, segui-a. Ela levou-me para a praia. Estivemos sentados na areia, abraçados, durante vários minutos, sem proferir uma única palavra.
Tinha de ter a iniciativa, tinha de fazer algo. Virei o seu rosto para o meu e olhei-a nos olhos. No seu olhar senti que ela tinha esperança que eu desse o próximo passo, que tornasse aquela noite ainda mais especial e que a felicidade que ela sentia por poder ali estar comigo era pura e genuína.
Um último momento a olhar os seus olhos e logo a beijei. Nesse beijo, longo e carregado de sentimento, pude sentir tudo o que me faltava, tudo o que desejava, tudo com o que sonhava.
Permanecemos com os lábios unidos até ao sol raiar. Sabíamos que a certa altura teríamos de nos separar, mas nenhum dos dois o queria fazer.
Ela levantou-se, deu-me um último beijo e disse-me com uma lágrima a escorrer pelo rosto "Nunca te esqueças de mim, estarás sempre nos meus sonhos".
Começou... aconteceu... o meu desejo era que nunca acabasse... que durasse para sempre... a melhor noite da minha vida... e teve o desfecho merecido.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Medo...

Na nossa vida temos muitas coisas que têm a capacidade de nos mover, de nos levar a agir de uma certa maneira, como por exemplo: dinheiro, poder, ambição, ganância, atração, entre outras...
No entanto à uma que realmente se destaca das restantes e que talvez seja a que maior força para nos levar a fazer algo ou nos demover de fazer algo. O medo tem a capacidade de alterar qualquer pessoa, em qualquer que seja a circunstância. O medo faz nos ver desastres antes de eles se darem. O medo faz nos afastarmo-nos de pessoas antes sequer de as conhecermos. O medo faz nos evitar locais por onde nunca sequer passámos.
Sem sequer nos apercebermos disso, o medo tem movido as nossas vidas desde que nascemos e tem nos moldado à sua vontade. Deixou de haver sinceridade total na nossa sociedade por medo de se ser discriminado. Deixou de haver justiça por medo de se ser prejudicado pelos interesses dos mais poderosos. Deixou de haver tanta coisa por medo... O medo tem um efeito devastador, mas também pode ter um efeito contrário.
Quem sente algo forte por alguém sabe bem o medo que tem de o perder alguma vez, o medo que tem que essa pessoa desapareça da sua vida. Nestes casos, o medo é o que nos faz dar valor ao que temos enquanto as temos. O medo de perder uma oportunidade única de ser amado na vida pode nos levar a fazer as piores coisas de sempre das quais nos podemos arrepender para sempre, mas também pode levar-nos a cometer as maiores loucuras de modo a conseguir ter essa oportunidade, loucuras que repetiríamos mil vezes se nos garantisse essa chance.
Como é possível ver, o medo é caos e criação, destruição e regeneração, veneno e alimento, yin e yang, duas faces de uma mesma moeda. O medo pode mostrar o que há de pior em nós mas também o que há de mais nobre.
Como alguém disse no passado "Coragem não é a ausência de medo, mas sim que apesar da existência do mesmo tenhamos vontade de continuar". Sejamos corajosos ao longo da vida e não deixemos que o medo nos domine, dominemos nós os medo e desse modo seremos felizes...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vida...

Muitas vezes não temos noção da importância das nossas vidas.
Podemos não ter completado grandes tarefas ao longo dela mas a nossa passagem pela vida de outras pessoas pode ter tido efeitos que nós desconhecemos totalmente.
Numa certa altura, o ter falado com uma determinada pessoa a uma dada altura pode tê-la feito tomar um caminho diferente a uma hora diferente, evitando que ela tivesse tido um acidente de carro ou fosse assaltada. Pode parecer impossível mas todos nós temos o poder de salvar vidas nas nossas mãos, tal como o poder de as tirar, mas só o acaso é que decide qual dos dois entra em ação...
Não temos consciência mas se não tivéssemos existido, o próprio mundo poderia ser diferente, a nossa existência pode ter desencadeado mudanças inimagináveis para nós e toda a Humanidade podia ter tido um rumo diferente.
Realmente é muito difícil pensar como apenas uma pessoa, mesmo que não distribua comida por todos os necessitados do mundo ou liberte prisioneiros políticos ou ponha fim a uma ditadura, consegue ter um efeito tão forte na vida de toda a gente. Mas tudo nesta vida é possível, basta ter uma mente aberta...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Marcas...

Não passamos por este vida sozinhos. Por mais sozinhos que nos sintamos em certas alturas da vida, nunca estaremos realmente sós, teremos sempre alguém a nosso lado a apoiar-nos e a dar-nos força quando realmente precisamos.
Todas as pessoas com quem contactámos ao longo da nossa vida, por mais pequeno ou breve que tenha sido o contacto, todas deixaram uma marca na nossa vida...
Melhores amigos, amigos do coração, amigos verdadeiros... Isso não são mais que meros rótulos que damos às coisas, porque é uma necessidade humana dar nomes às coisas simplesmente "porque é mais bonito". Mas o sentimento que sentimos por essas pessoas, pessoas que marcam profundamente a nossa vida e que muitas vezes não damos o devido valor por tudo o que fizeram e fazem todos os dias por nós, esse sentimento é indescritível. É o que andamos toda uma vida a procurar até encontrarmos. É uma sensação de finalmente termos encontrado alguém que nos compreenda na plenitude. É o sentirmos que a felicidade dessa pessoa basta para que nós também nos sintamos felizes. É... É simplesmente uma infinidade de coisas.
Por isso devemos sempre valorizar todas as pessoas que deixam uma marca na nossa vida, pois de certeza que também nós deixámos uma marca na vida delas.