Raiva, fúria, frustração. Tudo coisas que sinto neste momento. Porque as sinto? Não sei, mas sinto. Há coisas que simplesmente não se explicam.
Apetece-me libertar tudo isto mas tenho de ter consciência do quão nocivo e prejudicial isso seria para os que me rodeiam. Eu estaria bem e finalmente me sentiria menos aprisionado mas não ganharia nada com isso depois.
No entanto também não ganho nada em manter isto aqui dentro, a ganhar força, a destruir-me por dentro.
Não é por sentir isto que deixo de sentir neste momento felicidade, bem estar e paz. Simplesmente não se anulam, uns não apagam os outros, tendo eu de viver nesta dualidade de sentimentos que me tornam numa bomba relógio.
Não sei explicar a extensão disto, os danos que isto já causou no meu ser até agora, mas desde que me conheço que sou revoltado por natureza e nunca consegui exprimir essa revolta convenientemente, ficando de certa forma reprimida.
Não consigo exprimir o que sinto com isto tudo, toda a minha vida foi um turbilhão de emoções, situações, traumas. Sei que isso pode ser muito perigoso para mim, reter isto tudo desta forma, isto está a ser um comportamento autodestrutivo, mas também sei que dificilmente conseguiria parar após começar a libertar tudo o que vai cá dentro, como uma torneira que só parará de jorrar quando por ela passar a última gota disponível. Mas também não temo se isso acontecer. A razão diz me para consciencializar-me do perigo de algo assim, mas parte do meu ser mostra-me o quão forte sou e que eu conseguiria controlar algo dessa magnitude.
Agora já vejo tudo claramente, sinto que não sou um sociopata, um aspirante a serial killer somente por ter estes sentimentos alojados dentro de mim. Simplesmente sou alguém que enquanto não arranjar uma forma saudável de os libertar poderá nunca atingir a plenitude na sua vida.